CRMV-MT parabeniza desempenho das instituições mato-grossenses no Enade 2023 e destaca ações nacionais pela qualidade na formação profissional
29 de abril de 2025 – Atualizado em 29/04/2025 – 9:00pm
O Conselho Regional de Medicina Veterinária e Zootecnia do Estado de Mato Grosso (CRMV-MT) parabeniza as instituições de ensino superior do estado pelos resultados obtidos no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2023 e reforça seu compromisso com a valorização da formação de excelência em Medicina Veterinária e Zootecnia. Segundo os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), os cursos presenciais avaliados em Mato Grosso estão alinhados com os padrões nacionais de qualidade. A média nacional na área de Medicina Veterinária foi de 48,74 pontos, enquanto os cursos de Zootecnia alcançaram 51,76 pontos.
Para o presidente do CRMV-MT, médico-veterinário Aruaque Lotufo, os números refletem o esforço das instituições sérias que priorizam o ensino de qualidade e a formação técnica aliada ao compromisso social. “O resultado do Enade 2023 confirma que temos cursos consistentes e comprometidos em Mato Grosso. E o Conselho seguirá fazendo sua parte como parceiro das instituições que buscam excelência acadêmica, responsabilidade ética e preparo real para o mercado”, afirma.
Ele também destaca a preocupação com a expansão descontrolada do ensino a distância. “A orientação do CRMV-MT é clara: não apoiamos a abertura de cursos de Medicina Veterinária na modalidade EaD. A formação em saúde animal exige prática, acompanhamento, vivência em clínicas, hospitais e fazendas-escola. É impossível desenvolver competências essenciais sem a presença física nos cenários reais de aprendizagem”, enfatiza Aruaque.
O presidente ainda elogia a atuação da Comissão Nacional de Educação da Medicina Veterinária (CNEMV) do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), que tem estruturado um conjunto de ações para fortalecer a formação acadêmica em todo o país. “A atuação da CNEMV é estratégica para o futuro da profissão. O ensino de Medicina Veterinária precisa estar alinhado com as necessidades da sociedade, da saúde pública, do bem-estar animal e da produção agropecuária sustentável”, completa.
De acordo com o professor José Ricardo de Souza, docente titular da UFMT e membro da CNEMV, os cursos com melhor avaliação no Enade no Brasil são presenciais e, em sua maioria, ofertados por instituições públicas. “São considerados indicadores satisfatórios os cursos com conceitos 3, 4 e 5. Já os conceitos 1 e 2 são avaliados como insatisfatórios. Isso reforça a necessidade de fortalecer os indicadores de qualidade, especialmente nas instituições com conceitos 1 e 2”, afirma.
Mesmo diante da preocupação com o número elevado de cursos autorizados no país (atualmente 580, sendo 85% da rede privada) a CNEMV tem concentrado esforços na qualidade da formação. “São pontos cruciais e que impactarão diretamente na melhoria da qualidade dos cursos ao longo dos próximos anos”, ressalta José Ricardo.
A comissão nacional estruturou dez projetos estratégicos para modernizar e assegurar padrões mínimos de excelência em todo o país. Entre as propostas estão a elaboração de diretrizes nacionais para coordenação de cursos de graduação da medicina veterinária, a retomada do processo de acreditação das instituições, a disponibilização de informações públicas, atualizadas, sobre os cursos presenciais no site do CFMV e a implementação do Exame Nacional de Certificação Profissional — inicialmente voluntário, já que encontra-se tramitando no Congresso Nacional um projeto de lei complementar para torná-lo obrigatório. “Estamos elaborando uma proposta para que esse exame seja aplicado dentro da legalidade. Mas é importante frisar que a CNEMV não tem poder para autorizar a abertura ou fechamento de cursos, embora emita parecer técnico nos processos de novas propostas via sistema e-MEC”, explica.
A CNEMV também atua diretamente na orientação das instituições para implementação das novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), que estimulam uma formação mais prática, ética e integrada. “Destaco a importância das IES se adequarem às DCNs, que incluem, entre outras diretrizes, o desenvolvimento de competências em diferentes cenários de aprendizagem, como clínicas e hospitais próprios e fazendas-escola, que podem ser próprias ou conveniadas”, pontua o professor.
Outros projetos em andamento envolvem a discussão sobre o papel das residências e especializações na formação profissional, a revisão das normas que envolvem clínicas-escola, hospitais e fazendas vinculadas a instituições de ensino, e uma proposta firme da CNEMV para evitar a proliferação de cursos noturnos ou EaD. “A prática e o treinamento em serviço são características essenciais do bacharelado em Medicina Veterinária, que só podem ocorrer em cenários reais de aprendizagem”, reforça José Ricardo.
Por fim, o professor lembra que o Brasil é o país com o maior número de cursos de Medicina Veterinária no mundo. Segundo o estudo sobre a Demografia da Medicina Veterinária no Brasil, são 77 médicos-veterinários para cada 100 mil habitantes — mais que o dobro da média registrada em países da América do Norte e Europa. “É um cenário preocupante, pois reflete diretamente na qualidade da formação e nas condições do mercado de trabalho, com sobrecarga e menor remuneração para os profissionais”, conclui.
Ascom/CRMV-MT