Certificação histórica da febre aftosa sem vacinação reforça a responsabilidade sanitária, avalia representante da Condesa
2 de julho de 2025 – Atualizado em 02/07/2025 – 4:27pm
A oficialização do Brasil como país livre da febre aftosa sem vacinação, anunciada pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) em Paris, no último mês, consolida mais de seis décadas de avanços sanitários e amplia de forma inédita as responsabilidades de todo o sistema agropecuário nacional. Para o médico-veterinário mato-grossense Felipe Peixoto de Arruda, representante da Comissão Nacional de Defesa Sanitária Animal (Condesa/CFMV), a conquista histórica reforça a necessidade de vigilância contínua e resposta imediata a qualquer suspeita de reintrodução do vírus. “É uma vitória que o Brasil esperava há pelo menos 75 anos, mas agora o trabalho precisa ser dobrado. A retirada da vacinação não reduz riscos, ao contrário, exige disciplina e integração permanente”, destacou. O profissional concedeu entrevista ao Canal Rural sobre o tema, ressaltando os desafios do novo status sanitário. A íntegra da participação pode ser conferida pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=bSwt8Tq9ToM.
Graduado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Mato Grosso e mestre em Ciências Veterinárias na área de patologia pela mesma instituição, Felipe integra o quadro do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (INDEA-MT), onde exerce a função de Fiscal Estadual de Defesa Agropecuária e é titular das atividades de Preparação para Atuação em Emergência Zoossanitária e de Educação Sanitária e Comunicação Social. Entre 2016 e 2021, atuou no programa estadual de febre aftosa e, entre 2021 e 2023, exerceu a coordenação de defesa sanitária animal do instituto, além de ter presidido a Comissão Estadual de Ética, Bioética e Bem-estar Animal do CRMV-MT de 2018 a 2020. No âmbito da CONDESA, criada pela Portaria nº 114/2024 do CFMV, suas atribuições incluem assessorar o Conselho Federal em temas estratégicos de defesa sanitária, elaborar pareceres técnicos, produzir conteúdo qualificado, representar institucionalmente a autarquia em eventos e ampliar o diálogo com os profissionais e entidades do Sistema CFMV/CRMVs.
Na avaliação do médico-veterinário, a certificação internacional confirma a robustez do sistema brasileiro, mas a etapa mais desafiadora começa agora. Segundo ele, a prioridade é impedir que o vírus volte a circular, com atenção máxima às fronteiras terrestres, portos, aeroportos e todo o trânsito internacional de animais e produtos de risco. “O produtor precisa manter o alerta constante. Qualquer suspeita, mesmo que pareça pequena, deve ser notificada imediatamente ao serviço veterinário oficial, que tem prazo máximo de 12 horas para atuar”, explicou. De forma didática, Felipe destacou que os sinais clínicos incluem intensa salivação, feridas na mucosa bucal, claudicação e lesões nos cascos. “Se o animal babar, mancar ou apresentar qualquer lesão compatível, não é hora de hesitar”, orientou.
Felipe também ressaltou que a divisão do Brasil em zonas livres sem vacinação é uma estratégia importante caso ocorra uma eventual reintrodução da febre aftosa, pois permite que apenas a área atingida tenha sua certificação suspensa, sem paralisar o comércio internacional de todo o país. Ele explicou que atualmente o Brasil é dividido em cinco zonas: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Bloco I (composto por Acre, Rondônia, Sul do Amazonas e uma parte do Mato Grosso) e o restante do território nacional. “Essa organização por zonas garante que, se houver registro de febre aftosa em um ponto específico, apenas aquela região perca temporariamente o status de livre de febre aftosa sem vacinação, preservando a certificação sanitária e as exportações das demais áreas”, esclareceu.
O CRMV-MT parabeniza todos os profissionais que atuaram nesse esforço coletivo e reforça que a vigilância, a notificação precoce e o compromisso técnico são as bases para manter o rebanho nacional saudável e assegurar novos mercados para a pecuária brasileira.
Ascom/CRMV-MT